A grande originalidade da Igreja de S. Salvador de Ansiães reside fundamentalmente no timpano “Pantocrator”, cuja iconografia e complexidade 1conológica de “Cristo em Majestade” revela um dos mais completos exemplares do românico português.
Edificada no século XIII, e localizada no interior do Castelo e vila amuralhada de Ansiães, é um testemunho de valor excecional do Românico do nordeste transmontano. Edifício de construção austera e robusta, com paredes grossas e minúsculas janelas, ostenta programa escultórico característico do período românico, combinando vários elementos decorativos que refletem a influência de correntes estéticas diversificadas, com ascendência estilística quer em Rates, quer na Sé de Braga.
Na cachorrada exterior, predomina a decoração com motivos fito, zoo e antropomórficos, enquanto o arco triunfal interior, que demarca a transição da nave para a capela-mor, apresenta decoração de palmetas e capitéis de motivos geométricos.
O capitel do pelourinho da Vila de Ansiães, destruído em 1734 aquando da transferência da sede do Concelho para Carrazeda de Ansiães, encontra-se exposto no interior da igreja.
Destaca-se o tímpano “Pantocrator”, cuja iconografia revela um dos mais completos exemplares do românico português. Expõe a perspetiva teofânica de “Cristo em Majestade”, segurando o livro das escrituras e em ato de bênção. Emoldurado por mandorla, à qual se seguram os quatro elementos que compõe o tetramorfo, representando
os Evangelistas.
O tímpano é demarcado por arquivolta lisa, à qual se seguem outras três, uma com iconografia referente ao apostolado, seguida de outra com representações animalescas que parecem precipitar-se para a arquivolta mais abaixo, aludindo à linha divisória entre o Bem e o Mal, separando o mundo terrestre e o mundo celeste.
A arquivolta exterior remete para temática antropomórfica, desfilando uma panóplia de seres, em alguns casos difícil de interpretar.
A porta lateral com orientação para sul, é composta por arco de volta perfeita, envolvendo o tímpano onde se insere uma cruz vazada, formando uma arquivolta densamente decorada com formas de cabeças estilizadas de animais e seres humanos, os chamados de “beak-heads”, a que se seguem duas impostas com um formalismo estético geometrizado pela repetição de corações invertidos.
O geometrismo de contornos vegetalistas continua presente nos dois capiteis que ladeiam a porta com
arco cairelado.
Esta decoração simples e despojada, contrasta com os motivos zoo e antropomórficos patentes no portal principal, nas cachorradas, bem como nos capitéis da janela do paramento norte.
Na frontaria norte abrem-se duas janelas “frestadas” e uma porta que permite o acesso à nave do templo. Trata-se de um portal simples e despojado de elementos decorativos muito elaborados. Duas impostas sustentam um arco de volta perfeita de aduelas lisas que abraça um tímpano onde se inserta uma cruz vazada. A encimar o pano granítico, duas janelas com fresta completam o esquema decorativo desta fachada.
A janela mais oriental compõe-se por duas colunas encimadas por capitéis onde se aponta um arco aduelado de volta perfeita. Os elementos decorativos mais proeminentes nesta janela residem na representação de um emaranhado se símios, facto que permite estabelecer algumas analogias cronológicas com a igreja românica de Rates, e no capitel oposto, a representação de uma sereia masculina de dupla cauda. A janela mais ocidental exibe dois capitéis decorados com volutas.
A Capela funerária da família Sampaio, Senhores da Vila, estatuto obtido por doação régia de D. João em 1384 a Vasco Pires de Sampaio.
Edificada no século XV, com portal em arco de volta perfeita assente em impostas salientes e constituído por tímpano decorado por cruz pátea.
Apresenta remate em cornija assente em cachorrada decorada com motivos boleados.
No interior, rasgam-se três arcossólios em arco apontado, mantendo as tampas dos sarcófagos.
Tratava-se de uma demonstração de poder que as elites tendiam a realizar neste período. Investindo sistematicamente, e com grande magnificência, na construção da sua memória póstuma, materializada na construção da capela sob o orago de St.ª Maria.
No interior, o arco triunfal que divide a capela-mor do corpo principal do edifício revela-se 18ualmente enriquecido com um conjunto de elementos que fazem recurso a motivos decorativos geométricos, evidenciando algumas influências do românico bracarense.
Aqui, um arco de volta perfeita, ligeiramente ultrapassado e com aduelas sem decoração, segue-se uma arquivolta abundantemente decorada por motivos geométricos triangulares interpolados por círculos. Esta arquivolta vem rematar sobre duas impostas que mais uma vez fazem recurso a uma decoração baseada em corações invertidos.
Os capitéis constituem-se por dois excelentes exemplares com decoração em palmetas que encontram uma ascendência estilística direta na Sé de Braga.