O Museu da Memória Rural é uma estrutura polinucleada composta por uma sede e núcleos distribuídos pela circunscrição territorial do concelho de Carrazeda de Ansiães. Destinado a trabalhar temáticas relativas à cultura rural e ao património imaterial da região duriense e transmontana, a instituição tem como missão principal preservar, valorizar e divulgar o património cultural imaterial e o estudo e a recolha das tradições e dos saber-fazer concelhios e regionais.
De acordo com a linha das boas práticas recomendadas pela UNESCO, pretende-se registar as manifestações sociais, rituais e eventos festivos do concelho e da região envolvente, as suas técnicas tradicionais, as expressões artísticas e artes performativas, tradições e expressões orais e o conhecimento das práticas relacionadas com a natureza e o universo. Fundamentalmente, o projeto baseia-se numa proposta de museologia social, entendida e participada pela população, de forma a gerar laços para a coesão social e territorial, valorizando desse modo um património vivo e vivido na essência das comunidades que lhe conferem o verdadeiro e indispensável sentido.
O projeto dinamiza uma abordagem participativa do património, uma visão dinâmica do passado e uma intervenção científica e cultural no seio dos aglomerados rurais.
Diversas temáticas já foram trabalhadas, incluindo os saber-fazer como os ofícios tradicionais do ferrador, canastreiro, pescador do rio Douro, padeira, queijeira, pastor, tanoeiro, sapateiro, funileiro, moleiro, corticeiro, bem como técnicas representativas da antiga economia local, como o fabrico artesanal do azeite, o ciclo da lã e os fornos de ferreiro e de produção artesanal de telha.
As coleções do Museu da Memória Rural refletem as tradições, ofícios e práticas que moldam ou moldaram o quotidiano das comunidades rurais. Estas abrangem um conjunto diversificado de objetos, ferramentas, utensílios e documentos que testemunham o trabalho agrícola, os saber-fazer tradicionais (padeira, queijeira, pastor, tanoeiro, sapateiro, funileiro, moleiro, corticeiro) e as expressões culturais materiais e imateriais do mundo rural.
Entre os artefactos materiais mais representativos estão também algumas estruturas agrícolas associadas à transformação de produtos agrícolas, como moinhos, lagares, pios, forno de telha ou forja de ferreiro. Também integram o acervo do Museu da Memória Rural artefactos ligados à produção tradicional, como a cestaria, tecelagem, pesca, moagem, ferragem, produção de azeite, produção de telha, sapateiro, etc.
O museu preserva e assenta a sua produção de conhecimento a partir de um vasto leque de registos fotográficos, registos em vídeo, áudio, textos e depoimentos orais que pretendem documentar a memória coletiva e o saber-fazer transmitido de geração em geração. Pode dizer-se que o verdadeiro espólio do museu é constituído pela coleção de arquivos multimédia, que refletem as recolhas efetuadas no território do concelho de Carrazeda de Ansiães e em toda a área adjacente.
Estas peças são recolhidas com o intuito de interpretar as dinâmicas históricas, sociais, económicas e culturais do espaço rural ao longo do tempo, enfatizando as relações entre o ser humano, o território e o meio ambiente.
As coleções de objetos materiais, estruturas tradicionais de produção e documentos multimédia recolhidos a partir de depoimentos da população, além de serem um testemunho histórico, servem como base para exposições, ações educativas e iniciativas de salvaguarda da identidade cultural, promovendo-se desse modo o diálogo crítico entre o passado e o presente.
A programação regular do Museu da Memória Rural está centrada na valorização e dinamização do património cultural rural, promovendo atividades que aproximam a comunidade do seu passado histórico. As iniciativas são diversificadas e voltadas para públicos de diferentes idades, com o objetivo de preservar as tradições, fomentar o conhecimento e estimular o diálogo intergeracional.
Porque as manifestações culturais têm protagonistas no presente, tiveram protagonistas no passado e terão protagonistas no futuro, o museu desenvolve junto das escolas locais um programa pedagógico com vista a gerar mecanismos de consciencialização da diversidade e riqueza cultural local e regional. No museu, as crianças dispõem de tecnologia e materiais que lhes permitem identificar as matrizes gerais da cultura de onde são oriundos.
Com um âmbito de ação local e regional, o museu atua também como espaço de aprendizagem e dinamização, organizando exposições, oficinas/workshops e eventos que incentivem o público ao conhecimento, preservação e partilha do património rural.
Entre as atividades regulares destacam-se as publicações e as exposições permanentes e temporárias, que exploram temas ligados ao património imaterial, às práticas agrícolas, aos ofícios tradicionais e às transformações do mundo rural. Estas exposições são complementadas por visitas guiadas, adaptadas a diferentes públicos, com destaque para os diferentes ciclos escolares, público em geral e grupos turísticos específicos.
O museu organiza oficinas práticas de saber-fazer tradicionais, como tecelagem, cestaria, produção de azeite, pão, queijo, etc., proporcionando experiências imersivas aos participantes. Adicionalmente, promove sessões de recolha de histórias orais, eventos de demonstração de técnicas ancestrais e encontros culturais, como palestras, conferências e ciclos de cinema ou fotografia com enfoque na vida rural.
O edifício sede possui um pequeno auditório com uma lotação de cerca de 50 pessoas. Equipado com projetores e hardware de comunicação, este espaço permite a apresentação de palestras, pequenos colóquios, reuniões, ações de formação, projeção de documentários, etc. Aqui já foram promovidas várias iniciativas de reflexão e debate temático. É frequentemente utilizado para gerar ações de interatividade com a comunidade de Vilarinho da Castanheira, encontrando-se aberto a toda a comunidade concelhia para a apresentação de iniciativas de interesse local e regional.
A programação integra ainda festividades sazonais e atividades comunitárias, como caminhadas, encontros gastronómicos e celebrações ligadas ao calendário agrícola, criando momentos de partilha e celebração da cultura local. O objetivo é não só preservar, mas também revitalizar as tradições, criando pontes entre o passado e o presente.
O Museu possui ainda uma publicação anual intitulada Revista Memória Rural. Esta assume-se com o objetivo de fortalecer o processo de comunicação do projeto museológico, tentando dar-lhe visibilidade e dinâmica regional e nacional. Está aberta a todos os que pretendam participar e desenvolvam a sua atividade no âmbito da investigação e divulgação do Património Cultural da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Esta estrutura organiza-se de forma colaborativa, com o objetivo de garantir o cumprimento da missão do museu.
Conservação e Restauro:
Protocolo institucional com o Museu do Douro
Inventário e Documentação, gestão de coleções:
Centrado no registo detalhado das coleções, assegura-se a sua identificação, catalogação e acessibilidade. O espólio multimédia é difundido e dado a fruir ao público a partir de uma base de dados digital acessível aqui.
Existem 5 técnicos superiores associados a este projeto museológico (Isabel Lopes, Rodolfo Manaia, Luis Pereira, Cristiano de Sousa e Nelson Tito).
Investigação:
Corpo de técnicos superiores da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães ligados ao Museu da Memória Rural, constituído por dois arqueológos/historiadores (Isabel Lopes e Rodolfo Manaia). No âmbito deste projeto e para dar continuidade a um processo de colaboração institucional anterior, o município estabeleceu um novo protocolo com a CCDR-N para “disponibilizar apoio técnico e científico, nomeadamente na realização de iniciativas de mapeamento, registo e divulgação de Património Imaterial e do ‘saber fazer’ e na preparação e edição da ‘Revista Memória Rural’, nomeadamente através da colaboração do seu técnico superior especializado, radicado em Trás-os-Montes, António Luís Pereira”, arqueólogo/historiador.
Multimédia (Vídeo e Áudio):
Técnico da autarquia especializado em som e imagem. Trabalha nas filmagens das recolhas realizadas pelo Museu da Memória Rural e na edição e montagem de vídeos e áudios (Ricardo Saavedra).
Educação e Mediação Cultural:
Planeia e implementa atividades pedagógicas, visitas guiadas e programas educativos para diferentes públicos. A autarquia possui dois técnicos superiores de Turismo ligados ao Museu da Memória Rural (Cristiano de Sousa e Tito Domingos).
Comunicação e Marketing:
Gere a divulgação das iniciativas e atividades do museu, através das redes sociais, do website (https://museudamemoriarural.pt), de uma edição impressa e digital da Revista Memória Rural, notas de imprensa e materiais promocionais (Luis Pereira).
Gestão de Exposições:
Coordenadora do Museu da Memória Rural, Chefe de Divisão da Cultura do Município (Isabel Lopes).
Assistentes Técnicos: Apoiam a operação diária, incluindo acolhimento ao público, vigilância e suporte administrativo (Teresa Máximo).