Núcleo do Ferreiro e do Ferrador

Ferradura
Ferrar
Ferreiro

Ferro: uma história milenar
Ferreiros e Ferradores
Superstições, Mitos e Lendas

No Núcleo Museológico do Ferreiro e do Ferrador expõe-se uma síntese histórica sobre a metalurgia do ferro e o seu impacto na história da humanidade. É uma das conquistas mais impactantes ao nível da evolução da tecnologia e da civilização. O ferro moldou determinantemente a evolução da humanidade.

A propósito do ferro, homenageia-se o trabalho dos ferreiros e ferradores ao longo do tempo e alude-se às simbologias, superstições, mitos e lendas associadas às ferraduras no imaginário popular. O discurso museográfico integra também uma longa lista de termos e ferramentas associadas ao ferreiro e ao ferrador. Ao visitar este Núcleo Museológico do Museu da Memória Rural, o visitante poderá percecionar o modo de funcionamento de uma forja e de um fole, entre muitas outras informações transmitidas visualmente em forma de texto, fotografia e vídeo.

Alguns exemplos do discurso museográfico do Núcleo Museológico do Ferreiro e do Ferrador

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Ferro: uma História Milenar

Na Península Ibérica a generalização do uso do ferro foi mais tardia, remontando aproximadamente a 1000 e 900 a.C., o que em parte se deveu quer à situação geográfica deste território, quer à existência nesta área de outros metais como o cobre e estanho.

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A ferragem ao longo dos tempos

A ferragem dos animais recorrendo a cravos, como meio de fixar as ferraduras aos cascos, terá surgido a partir dos séculos VI/VII. No período Medieval difundiu-se esta técnica, inicialmente utilizando ferraduras em bronze, sendo gradualmente generalizada a utilização de ferraduras em ferro.

Simbologia

Surprestições, Mitos e Lendas

As superstições ligadas às ferraduras remontam à Idade Média, atribuindo-lhe funções apotropaicas para afastar o mal e as tempestades. As ferraduras eram vistas como um remédio preventivo contra as bruxas e feiticeiras ao serem cravadas no lado de dentro das portas.

Fotografia documental (Registos de Leonel de Castro)

Memórias de um fole

No silêncio da forja, onde o ferro e o fogo dançaram por décadas em afinações de som e luz, o velho ferrador olha para o seu fole com saudade. Aquele pulmão de madeira e couro, outrora vivo, soprou a alma do trabalho insuflando o velho braseiro. Que grande alquimia essa, a de moldar ferraduras e todos os aprazíveis momentos de confraternização tangidos em atávicas melodias de guitarra. As suas mãos fazem uma última carícia à superfície polida do fole, como quem toca um fado a um amigo leal. E pensa: aqui, entre fagulhas e suor, muitas histórias nasceram. As pessoas que chegaram, as pessoas que partiram, os animais p’ra ferrar…
Agora, o fole do Sr. Mesquita descansa noutra morada, não mais para alimentar o fogo, mas sim para soprar histórias a ouvidos curiosos.

Neste núcleo museológico, ele será uma relíquia a retemperar lembranças, testemunho vivo de uma época em que os ofícios de ferreiro e ferrador eram trabalho, suor, arte… e talvez poesia! O ferrador sorriu-nos, como sempre sorriu à vida, aos amigos que chegavam e a outros que partiam. Já ancião, o Sr. Mesquita soube que ao doar o seu fole, entregou mais do que um objeto: ofereceu um pedaço de si, do seu tempo, do seu mundo. Ao sair da oficina, o couro e a madeira da peça rangem pela última vez, não mais como sopro de vento a alimentar o fogo, mas sim como sopro de memória a fixar um passado.

[Texto em memória do Sr. Luís Mesquita, doador do fole, forja e de todo o espólio que permitiu a concretização deste projeto e a montagem deste Núcleo Museológico]

Venha até cá!

O Núcleo Museológico do Ferreiro e do Ferrador localiza-se na aldeia de Seixo de Ansiães, concelho de Carrazeda de Ansiães.

Neste espaço, o visitante pode observar e participar num discurso museográfico com recurso a multimédia, sendo transportado para uma antiga oficina de ferreiro e de ferrador com base em exposição de artefactos e ferramentas associadas a esses ofícios tradicionais.

O espaço reconstitui uma antiga forja, sendo o elemento de maior valor etnográfico um fole de grande dimensão, aí exposto após restaurado e recuperada a sua ancestral funcionalidade.