Maria Helena Geraldes, mulher já idosa e uma profunda conhecedora da tradição, conta-nos que “quando era nova” o “charolo” era feito só por jovens solteiros, quatro rapazes e quatro raparigas, mas a onda de emigração que se fez sentir sobre região “levou-nos a mocidade toda e tivemos que nos adaptar”. Naquele tempo, recorda a Srª Maria, “o charolo era a mocidade solteira que o fazia, porque são os rapazes solteiros que levam o charolo. Fazíamos também muito boneco em pão e a rosca tal e qual como é agora. E fazíamos umas placas com as nossas letras iniciais do nome. Aquelas que tinham namorado, os namorados queriam comprar essas placas, os outros rapazes que o sabiam puxavam, porque isto é leiloado, um mandava e outro mandava, que era para fazer pagar muito ao namorado pelo nome da namorada”.
Este vídeo integra a componente visual do artigo “O Charolo de São Gonçalo de Outeiro e o Culto do Pão no Nordeste Transmontano“, da autoria de António Luis Pereira. Revista Memória Rural, nº 4, 2021, pp. 120-137.
No artigo faz-se uma aproximação à Festa de São Gonçalo de Outeiro, concelho de Bragança. Uma tradição em que está presente o ramo frumentário e um declarado culto do pão. Tendo participado nos preparativos e na festa que se realizou no ano de 2017, o autor faz uma descrição e uma reflexão particular sobre as origens e o significado simbólico e ritual desta ancestral tradição que se cumpre todos os anos na aldeia de Outeiro no sábado mais próximo do dia 10 de janeiro, dia consagrado a São Gonçalo.
Este vídeo integra a componente visual do artigo “O Charolo de São Gonçalo de Outeiro e o Culto do Pão no Nordeste Transmontano“, da autoria de António Luis Pereira. Revista Memória Rural, nº 4, 2021, pp. 120-137. Depoimento: Maria Helena Geraldes.