Depoimento recolhido em São Mamede de Ribatua, concelho de Alijó, onde o Senhor Guilhermino Vieira nos fala da sua experiência, revelando-nos ter entrado muitas vezes dentro dos fornos para recolher os figos que ficavam expostos ao calor artificial pelo menos durante 12 horas. As memórias do passado do Sr.Guilhermino permitem-nos perceber que em meados do séc. XX os fornos eram ainda bastante utilizados em São Mamede de Ribatua. O Sr. Guilhermino Augusto Vieira ajudou a criar os seus cinco irmãos e lembra-se que os figos eram molhados em água, embrulhados num pano e dados como chupetas aos bebés.
Os fornos de secar figos proliferaram um pouco por toda a área geográfica designada por Terra Quente Transmontana, mas foi no Vale do Tua e na sua envolvente próxima que centramos a recolha dos dados etnográficos e memoriais para o Museu da Memória Rural.
Atualmente abandonados e sem qualquer utilização com préstimo para o agricultor, estas antigas construções continuam a salpicar a paisagem rural de forma discreta e integrada, persistindo como autênticos vestígios arqueológicos, estruturas rústicas que nos chegam de um passado onde a economia agrícola de subsistência integrava e valorizava sustentadamente todos os recursos que a terra e o clima podiam oferecer.
“Fornos de Secar Figos 2” é um ficheiro de áudio que integra a componente audiovisual do Museu da Memória Rural de Vilarinho da Castanheira (Carrazeda de Ansiães),integrando os eu espólio multimédia de recolhas orais realizadas no Vale do Tua sobre estruturas vernaculares, no caso, os fornos de secar figos.