O tocar dos sinos na Igreja de S. Dinis, Vila Real (Tradição da Gancha)

O jovem Octávio Amorim, na qualidade de mordomo, subiu por diversas ocasiões as íngremes escadas de acesso ao campanário da Igreja Paroquial de São Dinis, na Vila Velha, em Vila Real, para levar a cabo várias vezes ao dia o toque repicado, puxando os sinos com cordas num movimento de vaivém. É um toque de execução manual, glorioso, com uma duração variável.

Este vídeo integra a componente visual do artigo intitulado “A tradição da gancha de São Brás em Vila Real”, da autoria de Cláudia Guiomar Casaca Pires, Publicado na Revista Memória Rural, n.º 6, pp. 252-263.

A palavra sino é de origem latina e a sua sim-bologia está agrafada ao som que repercute. No Ocidente, os sinos só começam a ser mencionados a partir do século VI, mas o seu uso difundiu-se rápido (Heinz-Mohr, 1994: 360). A utilização deste instrumento na Igreja deve-se ao Papa Sabiniano (604-606) que através de bula instituiu o toque de sinos para indicar as horas canónicas, isto é, das cerimónias religiosas (QuidNovi, 2010: 29). Mas por esta altura ainda não existiam as torres sineiras …

Este artefacto foi outrora o principal regulador da vida em comunidade e tinha por função principal chamar as pessoas. Hoje é considerado património intangível26. Ontem como hoje detém um caracter sagrado e apotropaico. Desde os anos 80 do século XX que o toque manual tem vindo a perder expres-são, mas a arte de tanger os sinos ainda tem um papel importante na cultura portuguesa.

O ano a que reporta este texto, a chave que dá acesso à torre coube ao jovem Octávio Amorim. Na qualidade de mordomo, subiu por diversas ocasiões as íngremes escadas de acesso ao campanário para levar a cabo várias vezes ao dia o toque repicado, puxando os sinos com cordas num movimento de vaivém. É um toque de execução manual, glorioso, com uma duração variável. Composto por duas notas é um património único, em silêncio durante o resto do ano e ouvido só por esta ocasião. Assistimos a este espetáculo e podemos afirmar que passados mais de 3’ 30’’ de ruidoso furor e de exaltação, só os defuntos do Cemitério de São Dinis e da Capela de São Brás poderiam ficar indiferentes.

Video:O tocar dos sinos na Festa de São Brás, Vila Real
Gravado em:Igreja de S. Dinis, Vila Velha - Vila Real
Autora: Cláudia Guiomar Casaca Pires

Projeto nº 74

Este vídeo integra a componente visual do artigo intitulado “A tradição da gancha de São Brás em Vila Real”, da autoria de Cláudia Guiomar Casaca Pires, Publicado na Revista Memória Rural, n.º 6, pp. 252-263.

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